Olha, vamos fazer de conta que não significou nada. Mesmo que o anoitecer reivindique velhos hábitos e você relembre as florzinhas de cera na lamparina a óleo feita com o copo de massa de tomate. Mesmo que você passe por uma trepadeira igual a que deveria ter coberto a varanda e eu acabei cortando fora por não saber usar a foice direito. Se alguém cobrir você no meio da noite e se aconchegar, pense antes de dizer o nome porque o meu pode surgir no meio do sono. Tome o mesmo cuidado quando alguém lhe levar o café na cama com uma florzinha do lado e a manteiga em forma de coração. Ou quando a casa estiver cheirando a arroz no fogo e a mesa estiver com toalha branca, copos azuis e o seu prato predileto quase pronto. E também se alguém dançar na sua frente se esquecendo do resto da festa e for se aproximando até abraçar você com desejo e pressa. Se um dia aquele brinco de abelhinha ressurgir depois de tanto tempo na bagunça do seu quarto e lembrar você dos abraços e orgasmos urgentes, será tarde demais, porque eu já me desfiz da outra. Então é melhor você nem se lembrar das manhãs de domingo com cheiro de café com tapioca, com nossas caminhadas e empreitadas. Quando você for ralar côco - principalmente quando você for ralar côco - faça de conta que não significou nada.

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