“Bebe o brilho dela até entender” (Taiguara)
domingo, 10 de julho de 2011
Listas, velas e flores
Então fico aqui tentando preencher os momentos que seriam nossos com afazeres inúteis. E faço listas alucinadas, listas e mais listas. Algumas saem da cabeça e chegam a ir para o papel. Listas de ingredientes para um almoço que quero fazer pra você, de orientações e atenções que preciso dar às caçulas, de frases que precisam estar no discurso sobre o amor na comemoração do nosso casamento, de objetos que deverão enfeitar a mesa de vinte lugares em almoços de família. E fico pensando onde posso encontrar bastão de baunilha natural e ralador de noz moscada. Fico ensaiando como ensina-las a cuidar dos cabelos e dos sentimentos. Busco na memória os versículos do capítulo 13 de Corintios 1, perguntando-me quem poderia ler enquanto trocamos as alianças. E imagino flores em vasos individuais, velas em castiçais baixos que enfeitem a mesa toda e não atrapalhem a conversa animada da grande família nos almoços dominicais. Fico nos casando assim, como se pudesse materializar um antídoto para o veneno da distância. E o coração vai ficando espremido, batendo depressa e atrapalhando o raro sono. A incerteza trazida pela ausência me deixa assim insensata, abestalhada, insana, e a esperança vai minguando enquanto assisto a minha insignificância.
Assinar:
Postar comentários (Atom)

Nenhum comentário:
Postar um comentário