terça-feira, 21 de junho de 2011

Amor


E foi assim que eu me apaixonei pelo homem, pela familia, pelas causas, pelas lembranças, pelas graças, pelas dores e pelas tranças nos cabelos negros e fartos das caçulas. Porque a delicadeza de alma neste ser é tão surpreendente, inicialmente, e tão constante, na sequência, que afeiçoar-me é absolutamente inevitável. Evitei fazer espelho, evitei colocar as cortinas da cegueira interna, evitei os movimentos de sedução emocional, evitei encantar-me por pouca coisa. Mas amar este ser é mesmo inevitável. E a vontade é ungir as cicatrizes recém-fechadas, é mostrar o lado cor de rosa dos dias cinzas, é apascentar os pensamentos aflitos que possam manchar o desenrolar da vida. A vontade é pegar a essência nas mãos e soprar ternura, para que ela não se perca pelo cansaço. É esticar redes sob caramboleiras que cantem acompanhando o vento e embalar seu sono como o de um bebê. A vontade é ir à quermesse, ir à igreja, ir à praça e estender toalhas coloridas com cesta de pique-nique cheia de alegria dentro. É esquecer o tempo e deixar que a vida passe sem contar anos, nem desavenças, nem distâncias, e encher de lembrancinhas bobas e bilhetinhos doces a caixinha com a Nossa Senhora na tampa, nobre guardiã.
E é assim que o amor tem brindado e blindado a minha existência e me devolvido a esperança na felicidade.
"Hoje eu quero amor, o amor mais profundo, eu quero toda beleza do mundo para enfeitar a noite do meu bem." :



Nenhum comentário:

Postar um comentário