sexta-feira, 18 de novembro de 2011

Véu


O perigo é quando cai o tênue véu negro
Da frente dos cristalinos e se acende a vida
Apagando a meia morte que é o amor.
Quando eu gritar, ouça o meu grito
Antes que eu fique afônica
Antes que a memória  congele a fala
Antes que o torpor embace a vista
E se transforme em passado.
O perigo é quando se apaga a falta
Da frente do caminho e se perde o norte
Levitando no meio inferno que é a dor.
Quando eu soltar a corda, sinta o vácuo
Antes que eu esteja longe demais
Antes que eu esteja esquecida demais
Acostumada demais ao futuro sem nós.
(Iara Restini)


Definição

(O Grito, Edvard Munch, 1893)
Se te chamo insistente
A voz já enfraquecida
Se insisto assim demente
A crença entorpecida
Se te cobro assim valente
Posse estabelecida
É porque grita o sentimento
Permeado em gelo e dor.


Se imploro assim sem rosto
Sem orgulho e sem saída
Se pernoito na fumaça
Sem estima e sem medida
É porque se esvai o medo
E se apresenta, oferecida,
A definição do fim do amor.


terça-feira, 8 de novembro de 2011

Porcelana


Você se assustou com a minha alteração, eu também me choquei com a sua indiferença. Talvez você nunca venha a compreender a dor contida no meu descontrole e eu nunca venha a compreender a defesa contida na sua frieza. 
Mas não estou apreensiva. Estou apenas triste, sentindo algo quebrado dentro de mim, como um trinco em uma porcelana.