segunda-feira, 29 de agosto de 2011

Janela Branca

A janela do word espera hoje por palavras leves, positivas, animadas. Na falta delas, levanto-me mais uma vez para um café ou talvez um pedaço de doce que sobrou do domingo. Volto a encarar o espaço branco e, definitivamente, não tenho leveza, positivismo e animação hoje para dar.
Não tenho elogios, mas lamentos. Preocupada com algumas coisas, triste com outras, desanimada com terceiras. Tem dia que se somam tantos desarranjos que a alma da gente fica acuada e o corpo se abandona em uma espécie de paralisia, enquanto a mente trabalha sôfrega e contra-producentemente.
Se eu conseguisse ser racional, faria uma lista dos problemas, enumeraria os de solução possível e reconheceria os que não dependem de mim, buscaria conformação e pronto.
Chorar alivia ou enfraquece?
Poderia esquecer o trabalho por alguns minutos e escrever um poema, um conto, uma lista de supermercado, qualquer coisa que derretesse o gelo entre os dedos e o teclado.
Na vidraça, uma rosa suferino me acena, deve ter desabrochado durante a noite, com pulgão e tudo...


quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Montanha Russa

Você dá um passo à frente, eu inflamo; quando você avança, eu me encho de uma esperança quase infantil, daquelas que metem medo de desacontecer. Vou lá no futuro, enxergo-o com detalhes impressionantemente reais em cenas coloridas, sonoras, aromáticas, sensitivas.
Você atrasa o passo, eu paraliso; quando você recua, eu caio num limbo sem chão, assustador, daqueles de filme que perturba a mente durante a noite. Busco na memória carinhos, fatos e discursos promissores e me agarro neles como quem pede colo de mãe. Mas a coisa toda desacelera aqui dentro autonomamente, até que aconteçam novas fagulhas de esperança lançadas a esmo.
Uma montanha russa que, entre uma e outra oscilações vertiginosas, reabre feridas e expõe fraturas.
O amor agoniza, desenganado.

quarta-feira, 10 de agosto de 2011

Piadas reveladoras

A idéia da morte e o medo que ela inspira perseguem o animal humano como nenhuma outra coisa. Em proporção um pouco menor, para algumas pessoas, assim também é com o envolvimento. Fazer piada sobre a morte e sobre relacionamento é uma das formas de negar que eles existem e estão aí com todo o seu peso.  E a negação é o Sistema de Defesa mais simplório, em que se substitui o fator psíquico incômodo por uma “nova versão dos fatos”.

É interessante prestarmos atenção nas piadas que as pessoas fazem e, principalmente, nas nossas próprias:  entre um e outro gracejo feito sobre coisas sérias, vamos nos expondo e mostrando aos outros até mais do que percebemos sobre nós mesmos...